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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sobre o prato do mês: Política e religião

Em meio à disputa pelos votos de evangélicos e católicos, Marina Silva comentou que a tradição religiosa do povo brasileiro deve ser levada em consideração. Talvez ela peça que se considerem os valores religiosos na hora de abordar questões como o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a adoção de filhos por casais homossexuais, os vínculos entre Igreja e Estado.


Não sei se Marina Silva refere-se apenas à tradição cristã, ou se também considera a cultura religiosa indígena e negra. Católicos e evangélicos não deram nenhum exemplo de respeito pela religião praticada por negros e índios, desde o nosso descobrimento. Jesuítas chegavam ao Brasil com o intuito de evangelizar os "gentios", de transformá-los em cristãos através do batismo, não respeitando o animismo de suas crenças e impondo-lhes conceitos estranhos como o de céu e inferno. Pastores protestantes ainda pregam o evangelho entre remanescentes tribais, sobretudo na Amazônia.

A Igreja Católica sequer reconhecia que índios e negros tivessem alma, que fossem humanos. Isso facultava o direito aos colonizadores de escravizá-los, torturá-los e matá-los. Numa monarquia vinculada ao clero, todo acréscimo de poder do rei significava, igualmente, um incremento do poder da Igreja. E riqueza, muita riqueza. Os católicos, ao contrário dos protestantes, condenavam a usura como pecado, mas nunca deixaram de praticá-la por vias indiretas.

Os padres discriminavam os negros e suas crenças, mesmo quando os convertiam ao catolicismo. Não permitiam o acesso deles ao interior dos templos, obrigando-os a assistirem missa do lado de fora, ou em templos construídos por confrarias de escravos, freqüentados apenas por escravos. Proliferaram as igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e Pardos, no Brasil colonial. Essas mesmas instituições religiosas que agora demonizam candidatos e partidos com discurso progressista, também demonizam as religiões dos orixás e dos xamãs.

No Recife, no tempo de Gilberto Freyre, a polícia invadia os terreiros onde se praticava as religiões africanas e levava para a delegacia os instrumentos rituais. Nossa propalada liberdade de culto foi sempre claudicante, um apartheid bem disfarçado. Algum candidato apareceu no guia eleitoral, dentro do pegi de um terreiro? Ou se disse filho de Oxalá, Iansã ou Xangô e beijou os ferros de Ogum? É claro que não. Os cultos africanos estão desprestigiados e certamente isso daria pouco voto. É melhor tentar aparecer na romaria de Canindé, no Ceará, em meio aos milhares de romeiros de São Francisco. Felizmente, o padre vetou o candidato: proclamou a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.

Tomara que o debate em torno das religiões se prolongue de maneira mais séria e objetiva após o 31 de outubro. Temos uma herança judaico-cristã e não seríamos o povo que somos sem o legado das nações negras. Os índios entram nesse caldo mestiço, ao qual se somaram italianos, japoneses, alemães, sírios, libaneses, franceses, e etc., etc., etc. Mestiçagem de Gilberto Freyre ou antropofagia de Oswald de Andrade? Não importa. Interessa o respeito pela cultura híbrida. E isso se alcança não demonizando crenças e pontos de vista de cada um.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Falando um pouco de Umbanda

Luz no caminho e meu saravá fraterno a todos!
É novamente uma alegria renovada cada vez que podemos falar um pouco dessa Umbanda de todos nós...
Interessante notar, que sempre que chegamos a uma casa de trabalhos umbandista, seja ela choupana, cabana, terreiro, templo...independente da denominação que cada um dá ao ambiente que lhe é mais familiar, logo somos absorvidos pela aura e da mesma forma absorvemos essa aura.
Inicia-se um processo que nos prende a atenção, de troca, de permuta, de renovação de forças também chamado de axé!

Mesmo no murmurinho da espera, sempre vamos imaginando o que vai acontecer durante a gira, numa preocupação coletiva e já num segundo momento, não necessáriamente nessa ordem, com aquilo propriamente que a entidade irá nos falar durante nossa consulta, sobre esse ou aquele assunto, que estamos esperando para tratar já não se sabe a quanto tempo.

Com isso, vamos pouco a pouco, nos ligando com o sagrado que o terreiro nos representa.

Quando adentramos então e, muito principalmente, se for a primeira vez que ali estamos, um misto de curiosidade e as vezes até de preocupação nos ocorre. Será que o guia vai me confirmar aquilo que penso? Será que não?  Será que vai me dizer para fazer? Será que não? Será que vou gostar? Será que não?
Essas são as  perguntas que não querem calar!!!

Da mesma forma que estão desde a formação do universo, luz, som e movimento também se fazem presentes por esses terreiros ai afora.
A luz no congá representadas pelas velas , em lâmpadas coloridas ali dispostas...
O som presente nos pontos cantados, nos mantras do Caboclo, da Criança, nas rezas do Pai velho, na evocação do Exu, no tambor que é tocado.
O movimento está simbolizado na dança ritualistica das mais variadas formas, lembro de um ponto cantado em nosso terreiro, que podemos usar como exemplo, onde nas giras de Exu se canta.." - Olha o toco no caminho, levanta o pé..olha o toco no caminho..".
Igualmente o movimento se faz presente na manipulação das energias, pelas entidades através de um ponto riscado, de um "descarrego"...
Mas além disso, há o colorido das pembas, da toalha, da roupa ritualistica, há o cheiro da defumação, do incenso, das essências..isso compoe uma parte do terreiro, uma pequena parte do todo. Esse todo que somente o tempo há de nos mostrar.

Num rápido resumo, uma gira é composta por 3 partes fundamentais e que pouco se diferem de terreiro para terreiro:
1º A espiritualidade manifesta através das entidades, caboclos, crianças, pais velhos, boiadeiros, marinheiros, baianos, ciganos, exus...
2º A corrente mediúnica formada a partir do pai ou mãe espiritual e de seus filhos de corrente.
3º A assistência ou consulentes.

Sim irmãos, a assistência de uma casa de trabalhos espirituais é o principal motivo da existência dos dois componentes iniciais, ou seja, é aquilo que faz se tornar vivo o próprio terreiro.
A espiritualidade para isso fez, faz e fará médiuns que, ao contrário do que muitos imaginam não é nenhum privilégio. É sim uma grande responsabilidade que pesa sobre nossos ombros em qualquer lugar onde se manifeste a Umbanda.

Com essa missão por nós exercida, independente de incorporar ou não, porque ser médium não significa que obrigatóriamente tenha que incorporar, existem várias modalidades de mediunidade no movimento umbandista, temos a possibilidade impar de reparar débitos para com a própria lei da vida, dívidas essas, que estão perdidas nas noites do tempo, embora na contabilidade divina elas ainda sejam tão recentes.

Na abençoada oportunidade de servirmos de intermediários, doando energia, doando tempo, paradoxalmente fazendo a caridade é que somos caridosamente recompensados com o bom ânimo do dever cumprido.

Somos médiuns sim, mas também somos humanos..somos homens e mulheres e também irmãos de toda coletividade umbandista e, em nome de todos aqueles que se irmaneiam neste pensar, é que agradeço a Pai Oxalá e a toda assistência que procura nossa Umbanda, por nos proporcionarem essa troca, essa renovação, esse axé que a todos nos vem d'Aruanda!
Vida longa a todos!

sábado, 18 de setembro de 2010

Não interessa a distância entre o desejável e o possível, ambos estão ligados pelo viável


"Liberdade religiosa e a construção de um mundo possível: diálogo religioso e a promoção da paz". Esse foi o tema do I Seminário Estadual, promovido pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), realizado em 10 de setembro, no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ), que reuniu líderes e representantes religiosos, autoridades policiais, professores universitários e estudantes. O encontro, patrocinado pela Secretaria de Políticas de Promoção Social da Igualdade Racial, foi composto por três mesas de debates, uma plenária de mobilização para a III Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que acontecerá no dia 19 de setembro, na Praia de Copacabana, encerrando com o coquetel de confraternização.

O seminário foi aberto pelo interlocutor da CCIR, babalawo Ivanir dos Santos, que destacou a importância daquele evento para a reflexão sobre a intolerância religiosa que impera nos mais variados segmentos sociais, buscando ainda meios de solucionar a questão. Ivanir afirmou que um dos setores mais atingidos por este tipo de violência é a educação, interferindo diretamente na relação entre professores e alunos.

A mesa redonda que discutiu o tema "Liberdade Religiosa e Promoção da Paz" foi composta pelos líderes religiosos, entre eles a presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil (CEUB), sacerdotisa e dirigente espiritual do Templo Umbandista Vovó Maria Conga, Fátima Damas, o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Edson de Castro Homem, o pastor efetivo da Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá, Reverendo Marcos Amaral, e o presidente da Sociedade Beneficente de Desenvolvimento Islâmico, representante muçulmano Salah Al-Din Ahmad Mohamad, além do Babalawo Ivanir dos Santos. Para Fátima Damas, o simples fato da entrada da comunidade umbandista em uma universidade federal para debater sobre a intolerância religiosa já representa um passo de gigante em direção ao fim deste preconceito. "Eu nunca imaginei que nós, umbandistas, entrássemos em determinados ambientes, como universidades, igrejas, mesquitas, templos presbiterianos", disse.

Fátima falou ainda sobre a missão espiritual da Umbanda e sobre os avanços alcançados através da CCIR.
Em sua fala, Salah Al-Din Ahmad Mohamad esclareceu alguns preceitos do Islamismo e seus mitos, destacando os maiores preconceitos e estigmas que os mulçumanos sofrem no mundo. Mohamad acredita que, no Brasil, o governo pode desenvolver programas informativos sobre as religiões, como medida para combater a intolerância religiosa, assim como rever o Estatuto de Igualdade Racial.

O Rev. Marcos Amaral considerou as iniciativas da CCIR, incluindo o seminário, plenárias e a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, como movimentos em favor da liberdade de expressão, respeito à vida e ao ser humano. Ele desenvolveu no seu discurso uma linha de reflexão sobre os comportamentos arbitrários da própria comunidade evangélica, que, segundo o reverendo, está muito preocupada com os valores de poder, enquanto poderia dar mais atenção às verdadeiras práticas religiosas. Para o reverendo, o preconceito vem das sólidas construções sociais e uma das formas de se vencer os valores religiosos negativos é dando muitos passos, assim como a CCIR está fazendo.

Dom Edson Castro Homem falou sobre a purificação das religiões, os aspectos históricos e entrou no campo da crítica sociológica. O líder católico definiu a Caminhada como uma ação de promoção da vida e disse que a intolerância religiosa finda com o diálogo franco e reflexivo. "É um escândalo a divisão das igrejas", enfatizou Dom Edson em seu discurso sobre ecumenismo.

A segunda mesa do dia abordou o tema "Panorama da Intolerância no Contemporâneo e a Atuação da CCIR", com as participações do delegado Henrique Pessoa, da Ucam e do professor Paulo Gabriel Hilu, da InEAC da Universidade Federal Fluminense.

Apresentando um panorama alarmante, o delegado Henrique Pessoa citou casos emblemáticos de crimes religiosos, registrados nas delegacias em que ele trabalhou. Pessoa atribuiu o aumento de denúncias e registros de violência contra religiosos nas delegacias ao artigo 20 da Lei Caó, que entrou em vigor em 1989. Segundo ele, na maioria dos casos, as vítimas são praticantes de religiões de matrizes africanas e os autores são evangélicos neopentecostais. Como medida preventiva, Pessoa criou na Policía Civil o Núcleo de Combate à Intolerância Religiosa, e ele mesmo ministrou aulas sobre este tema nas novas turmas para detetives. "Os resultados vieram devagar, mas de forma satisfatória e com efeito multiplicador, pois os policiais levavam o aprendizado para suas unidades policiais", contou o delegado.

Na terceira mesa redonda, os professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Renato Nogueira e Renata Rosental deram uma verdadeira aula sobre História das Religiões, com seus aspectos mitológicos, sociais e linguísticos, delineando o fenômeno da intolerância religiosa em todo mundo.

Na Plenária de Mobilização para a III Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, Ivanir dos Santos afirmou que os principais objetivos deste movimento iniciado pelos religiosos mais discriminados, os de matrizes africanas, são: a unificação das religiões, a promoção do diálogo e identificação das semelhanças entre as religiões, pois estes são os fortes elementos em favor da paz. O babalawo comentou a atuação da CCIR e convocou a todos para a caminhada deste ano, que pretende reunir cerca de 150 mil pessoas na Orla de Copacabana. Nos dois anos anteriores, a caminhada contabilizou a participação de mais de 100 mil religiosos de todos os estados nacionais, no Rio de Janeiro, e a integração de diversas manifestações religiosas. Estiveram presentes no seminário representantes de umbandistas, candomblecistas, católicos, judeus, mulçumanos, kardecistas, wiccanos e hinduístas.


Fonte: http://www.eutenhofe.org.br/

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pesquisa mostra que intolerância religiosa ainda está presente em escolas brasileiras


Heliana Frazão
Especial para UOL Educação
Em Salvador

Profissionais “despreparados” para lidar com religiões diferentes. Invasão de terreiros. Ofensas. Crianças isoladas por colegas e professores. Esses são alguns dos problemas encontrados por uma pesquisadora que visitou escolas de vários Estados do país e constatou que a intolerância religiosa em estabelecimentos de ensino é um problema grave e ainda invisível para as autoridades e a sociedade.

A pesquisadora Denise Carreira revela ter percebido certo “despreparo” dos profissionais de educação para lidar com o problema. Ela identificou que a principal fonte de discriminação são as religiões neopentecostais, que, segundo Denise, historicamente usam métodos de “demonização” para com algumas seitas.

Denise afirma ter observado em suas viagens casos de crianças, famílias e professores adeptos de religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda, discriminados e hostilizados no seu cotidiano. Algumas crianças chegam a ser transferidas ou até mesmo abandonam a escola em razão da discriminação.

“Existem ocorrências de violência física (socos e até apedrejamento) contra estudantes; demissão ou afastamento de profissionais de educação adeptos de religiões de matriz africana ou que abordaram conteúdos dessas religiões em classe; proibição de uso de livros e do ensino da capoeira em espaço escolar; desigualdade no acesso a dependências escolares por parte de lideranças religiosas; omissão diante da discriminação ou abuso de atribuições por parte de professores e diretores etc”, diz.

“São muitos casos e isso é, também, uma violência para com os direitos humanos, embora constitua uma agenda invisível na política educacional no Brasil”, afirma. As denúncias, sustenta Denise, mostram que as atitudes discriminatórias vêm aumentando em decorrência do crescimento de determinados grupos neopentecostais, principalmente nas periferias das cidades, e do poder que eles têm midiático.

O relatório, que será divulgado no dia 19, no Rio de Janeiro, e encaminhado a organismos internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), traz recomendações para a resolução do problema. Uma das ferramentas para fazer frente ao problema, de acordo com relatora, é a implementação da lei federal 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira em toda a educação básica.

Experiência própria

Jandira Santana Mawusi, estudante do curso de pedagogia na Uneb (Universidade Estadual da Bahia), e coordenadora de um curso pré-vestibular em uma escola municipal no bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, conhece esse tipo de discriminação por experiência própria. “Desde que falei que sou de candomblé, os meus colegas de sala de aula mudaram comigo. Tenho dificuldade para me integrar aos grupos de estudo, e eles me olham como se fosse uma pessoa diferente, capaz de lhes fazer algum mal”, afirma.

Segundo ela, na escola onde leciona, diariamente, o diretor convida a todos para rezar o “Pai Nosso” antes das aulas. “Certo dia, ele me convidou a me juntar aos demais na oração. Então, perguntei se eu também poderia rezar para xangô. Ele respondeu que não porque não daria tempo”, conta.

Jandira diz que a mãe de duas crianças que estudaram nessa mesma escola recorreu ao Ministério Público porque suas filhas foram apontadas como “possuídas” por um professor, por serem de candomblé.

Não raro, diz ela, pessoas iniciadas temem revelar suas crenças. “Há pouco tempo, fazendo uma pesquisa no bairro, perguntei a uma senhora, dona de um terreiro, qual era a sua religião. Fiquei um tempo sem resposta. Indaguei a razão do seu silêncio e ela me disse que se devia à intolerância predominante.”

Atuando há mais de 10 anos na formação de profissionais para evitar intolerâncias racial e sexual e outras, membros do Ceafro (Educação e Profissionalização para a Igualdade Racial e de Gênero) mostraram-se chocados com a seriedade dos depoimentos colhidos por Denise.

"Não é novidade"

“Para nós, esse tema não é novidade. Mas, devo reconhecer, foi impactante ouvir os relatos de professores e mães de alunos que tiveram problemas. Doeu ouvir de alunos, por exemplo, que fizeram ‘santo’, e, tendo que usar roupas brancas, andaram com a cabeça raspada, foram taxados de ‘filho de diabo’, entre outras aberrações a que foram submetidos, ao ponto de não quererem mais voltar para a escola ou quererem abandonar o candomblé”, conta Ceres Santos, coordenadora executiva do Ceafro. “É muito grave”, diz.

Denise Carreira esteve na Bahia entre os dias 9 e11 de agosto. Ouviu o Ministério Público Estadual, as secretarias de Educação e Reparação, representantes dos terreiros de candomblé e outras lideranças religiosas. Segundo ela, as visitas ocorreram em Estados como Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

O relatório será apresentado também ao Congresso Nacional, ao Conselho Nacional de Educação, Ministério Público Federal, autoridades educacionais, e instâncias internacionais de direitos humanos.

Postado por Umbanda Paraná - FUEP

Fonte:http://fuep.blogspot.com/2010/09/pesquisa-mostra-que-intolerancia.html

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Conub - Em defesa da Umbanda

Umbanda: Caminho de Cura Para as Doenças da Humanidade

Aranauan, Salve, Axé, Motumbá, Maná, Mucuiú, Saravá,




Nos terreiros, choupanas, centros ou templos, já nos acostumamos aos verdadeiros prodígios curativos para a alma e o corpo dos necessitados que os procuram e que somente nossos Pretos Velhos, Caboclos, Crianças, Exus, Marinheiros, Boiadeiros, Mestres e outros, com seus conselhos, suas mandingas, suas receitas de banho ou defumações, podem proporcionar, o que é muito natural em nosso meio.


Para quem nos vê de fora, contudo, a realidade é outra, justamente pela falta de vivência ou mesmo pelo preconceito que nos cerca, a requerer uma compreensão que extrapole a questão da Fé para inserir-se como uma realidade factível para todos, praticantes ou não de nossa Fé, constituindo uma lacuna que precisava ser preenchida.


Por isso chamamos a atenção de todos os confrades para a divulgação que a FTU (Faculdade de Teologia Umbandista) vem fazendo do vasto, profundo e revelador material acadêmico produzido pelos primeiros bacharéis em Teologia Umbandista formados em suas dependências, nos dando a oportunidade de compreender, além da Fé, como os fenômenos vivenciados em nossas casas se explicam sob a ótica da Ciência, uma verdadeira revolução que nossa Faculdade proporciona a todos nós pelo caráter científico que lhe caracteriza, sendo ela uma instituição de ensino superior reconhecida e credenciada pelo MEC.


Esse conhecimento vem sendo generosa e profusamente oferecido pela FTU a todos, umbandistas ou não, seja pela internet – através do Portal da FTU (www.ftu.edu.br) ou do blog “Espiritualidade e Ciência” (http://sacerdotemedico.blogspot.com/), – seja pelos cursos de extensão como os que correm atualmente alcançando diversas cidades do Brasil e até do exterior, além do próprio curso de bacharelado em Teologia Umbandista, o franqueamento de participação nos ritos públicos celebrados em suas dependências ou no Centro de Cultura Viva das Tradições Afro-Brasileiras, um verdadeiro marco na preservação de tradições praticamente condenadas ao desaparecimento enquanto práticas religiosas para figurarem, quiçá, somente nos livros de história brasileiros.


Todo esse legado e essa profusão de espiritualidade, no entanto, nos deixa algo como que perplexos pelo paradoxo em nos deparamos com o fato de existirem irmãos praticando atos bárbaros e incompreensíveis à luz do bom senso, da razão e da lógica, como o episódio que, à exaustão, vem sendo explorado pela grande imprensa, fazendo-nos questionar que motivação poderia levar um ser humano que nasce em um ambiente hostil, consegue contrariar as estatísticas e alcançar uma posição social privilegiada, chegar a tal nível de barbárie?


O que gostaríamos de chamar atenção ao mencionar esse triste episódio, cuja exploração renderia vários textos e discussões, é considerar que vivemos um tempo de grandes contradições, a nos exigir atenção, reflexão e ação. A Umbanda e os cultos afro-ameríndio-brasileiros, pelo que vivenciamos em nossas tradições e a FTU vem demonstrando com fundamentos científicos, nos leva a afirmar que estamos na direção de conhecer um caminho para a cura de todos os males do corpo e da alma através da Umbanda, e através dela a cura social e portanto de toda a humanidade, uma conquista que todos os irmãos planetários, independente de crença, ideologia, classe social, sexo, raça ou nacionalidade, buscam alcançar desde a noite dos tempos.


Como já refletimos em outras oportunidades, nosso planeta está doente e a Umbanda possui a cura. Estamos antenados a todas as conquistas que dêem visibilidade a esse entendimento e tragam para a Umbanda dignidade e reconhecimento, como a FTU vem proporcionando silenciosamente há anos e tornando, dia a dia, cada vez mais visível a toda a humanidade.


Um profundo e fraterno Saravá a todos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ensino religioso em escolas públicas (ainda resta uma esperança)

O pedido para interpretação de normas conforme a Constituição consta de ação enviada ao Supremo Tribunal Federal
Ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4439) enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pede interpretação de normas para deixar claro que o ensino religioso em escolas públicas só pode ser de natureza não-confessional, com proibição de admissão de professores na qualidade de representantes das confissões religiosas. A peça foi elaborada pela vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, no final de julho, quando exercia o cargo de procuradora-geral.

Deborah Duprat pede para que seja dada interpretação conforme a Constituição da República do art. 33, caput, parágrafos 1º e 2º, da Lei 9.394/96, e do art. 11, parágrafo 1º, do “Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil”, aprovado pelo Congresso Nacional através do Decreto Legislativo 698/2009 e promulgado pelo presidente da República através do Decreto 7.107/2010.

De acordo com ela, a única forma de compatibilizar o caráter laico do Estado brasileiro com o ensino religioso nas escolas públicas é através da adoção do modelo não-confessional, em que o conteúdo programático da disciplina consiste na exposição das doutrinas, das práticas, da história e de dimensões sociais das diferentes religiões – bem como de posições não-religiosas, como o ateísmo e o agnosticismo – sem qualquer tomada de partido por parte dos educadores.

Ainda conforme explica, os educadores devem ser professores regulares da rede pública de ensino, e não pessoas vinculadas às igrejas ou confissões religiosas. Segundo defende, apenas tal modelo promove, em matéria de ensino religioso, um dos mais nobres objetivos constitucionais subjacentes ao direito à educação: formar cidadãos e pessoas autônomas, capazes de fazerem escolhas e tomarem decisões por si próprias em todos os campos da vida, inclusive no da religiosidade.

Segundo Deborah Duprat, não se admite que se transforme a escola pública em espaço de catequese e proselitismo religioso, católico ou de qualquer outra confissão. “A escola pública não é lugar para o ensino confessional e também para o interconfessional ou ecumênico, pois este, ainda que não voltado à promoção de uma confissão específica, tem por propósito inculcar nos alunos princípios e valores religiosos partilhados pela maioria, com prejuízo das visões ateístas, agnósticas, ou de religiões com menor poder na esfera sociopolítica”, diz.

Normas – Ela informa que o art. 33, caput e parágrafos 1º e 2º, da Lei 9.394 vem sendo interpretado e aplicado pelas autoridades públicas competentes como se fosse compatível tanto com o ensino religioso confessional quanto com o interconfessional. “Na prática, as escolas públicas brasileiras, com raras exceções, são hoje um espaço de doutrinamento religioso, onde, por vezes, os professores são representantes das igrejas, tudo financiado com recursos públicos”, afirma.

Duprat explica também que, com a incorporação à ordem jurídica do Acordo Brasil-Vaticano, a expressão “o ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental” parece apontar, pelo menos numa primeira leitura, no sentido da adoção do ensino da religião católica e de outros credos nas escolas públicas brasileiras, em afronta ao princípio da laicidade do Estado.

Na ação, ela pondera que, caso não se dê interpretação conforme a Constituição, poderá a Corte, nesta hipótese, proferir decisão de declaração parcial de inconstitucionalidade com redução de texto, para suprimir da redação do art. 11, parágrafo 1º, do acordo, a expressão “católico e de outras confissões religiosas”, que é aquela que aponta, ao menos numa primeira leitura, para a adoção do modelo confessional de ensino religioso nas escolas públicas brasileiras.

A ação pede medida cautelar para suspender a eficácia dos dispositivos considerando que, até o julgamento final da ação, o oferecimento do ensino religioso em escolas públicas do ensino fundamental que não se paute pela não-confessionalidade pode acarretar graves e irreparáveis danos à ordem jurídica, além de ofensa a direitos e valores extrapatrimoniais das crianças e adolescentes que frequentam estas escolas, bem como de suas famílias, os quais, pela sua própria natureza, são de reparação impossível.

Dada ainda a complexidade da questão, a sua relevância social, bem como a natureza interdisciplinar do tema, a vice-procuradora-geral requer a realização de audiência pública no STF.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Violencia da PM contra Umbanda em Jaraguá do Sul - SC

A Tenda de Umbanda Caboclo Pajelança situada no município catarinense de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, foi invadida por policiais militares armados em 26 de junho de 2010. Além de mandarem paralizar a gira de pretos velhos, prenderam o ogan menor de idade e alguns frequentadores .  

Abaixo, reproduzimos a carta assinada pelos nossos irmáos Átila Nunes e Átila Nunes Neto ao governador Leonel Pavan, manifestando a ação flagrantemente inconstitucional.

Senhor Governador de Santa Catarina Leonel Pavan,
Vossa Excelência comanda um dos estados com maior índice de desenvolvimento humano: Santa Catarina, hoje um sonho para milhões de brasileiros que gostariam de aí residir.
Quando se fala em Santa Catarina, se pensa em civilidade.
O senhor é um político experiente. Foi vereador, prefeito por três vezes de Balneário Camboriu, deputado federal e senador da República. É um democrata experiente na Política e na Administração Pública.
Infelizmente, Senhor Governador, nos últimos dias, milhões de brasileiros que seguem a fé umbandista, sentem-se surpresos com a violência da Policia Militar de seu estado. Essa indignação podemos sentir principalmente na internet, onde são postadas mensagens de repúdio e da mais absoluta indignação.
O que aconteceu na noite de 26 de junho deste ano de 2010 na cidade de Jaraguá do Sul, nos faz lembrar o Rio de Janeiro dos anos 50, quando terreiros de Umbanda eram invadidos e seus dirigentes e médiuns presos pela polícia, hoje, algo impensável em terras fluminenses.
Naquela noite, por volta das 8 da noite, a Tenda de Umbanda Caboclo Pajelança, situada na Rua Adolfo Augusto Zie Mann, 342, Czerniewicz, Jaraguá do Sul, foi invadida por doze homens do 14º Batalhão da Polícia Militar, fortemente armados com pistolas, armas de choque, sprays de gás de pimenta e escopetas, sob o comando do sargento Adriano, que deu voz de prisão à diretora de culto Cristiane Tomaz de Oliveira
A sessão em homenagem aos pretos velhos foi interrompida sob a ameaça dos policiais, determinando às dezenas de pessoas presentes que se calassem e não se movimentassem, sob o risco de terem que usar armas de choque e gás, além de todos serem levados presos. Um ogan, menor de idade, foi conduzido algemado pra o distrito policial
Dona Cristiane, a diretora de culto, tem certeza de estar sendo vítima de perseguição religiosa, haja vista que os policiais militares ao chegarem ao distrito, mostraram um abaixo assinado de vizinhos para que o centro umbandista feche as portas e se mude do bairro.
A violência da polícia de Santa Catarina nesse episódio ultrapassou não apenas os limites legais, mas, sobretudo, o bom senso, beirando a barbárie.
Depoimentos dos presentes ao culto confirmam que a invasão – absolutamente inconstitucional flagrantemente ilegal – ocorreu em meio às ameaças dos policiais, fazendo com que senhoras e crianças entrassem pânico, chorando de medo. Ao questionar a razão da invasão, o ogan menor de idade recebeu ordem para calar-se, tendo seu atabaque danificado com violência por um dos PMs.
Por serem sobejamente conhecidos pelas autoridades, – inclusive Vossa Excelência – seria desnecessário invocar os preconceitos constitucionais que garantem aos brasileiros a “inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”
Desnecessário também, Senhor Governador, lembrar outro preceito constitucional que estabelece que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa.
Ou então, o que preceitua o Código Penal no artigo 208, que trata de ultraje a culto, seu impedimento ou sua perturbação, considerando crime contra o sentimento religioso “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”
Saliente-se ainda, o artigo 140 do Código Penal: se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem, a pena é de reclusão de um a três anos e multa.
Finalmente, poderia ser destacada a Lei de Abuso de Autoridade (Lei Nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965) que regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade. O artigo terceiro estabelece como abuso de autoridade qualquer atentado à liberdade de consciência e de crença, ao livre exercício do culto religioso e ao direito de reunião.
É sabido por todos, Senhor Governador, que a Lei 7.716 de 5 de janeiro de 1989 define os crimes resultantes de preconceito. O artigo primeiro diz que “serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97). O artigo 20 é claro, ao proibir praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada  pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Não podemos acreditar, Governador, que o senhor deixe passar em branco, sem uma atitude enérgica, severa, um episódio dessa natureza.
Essa violência jurássica da Polícia Militar, ao arrepio das leis e da Constituição, não condiz com Santa Catarina. Não condiz com a natureza boa, generosa e fraterna do povo catarinense.
Nesse ínterim, enquanto durar as averiguações dentro da Polícia Militar que pediu o prazo inacreditável de 40 dias para chegar a uma conclusão, apesar das dezenas de testemunhas do vilipêndio religioso e do abuso de autoridade, nos mobilizaremos nacionalmente para chamar atenção para a Polícia Militar de Santa Catarina que reproduz práticas coercitivas do início do século passado.
Senhor Governador, reiteramos nossa confiança no seu senso de justiça e de absoluta obediência ao Estado de Direito em vigor no Brasil, e consequentemente, no Estado de Santa Catarina.
ÁTILA NUNES e ÁTILA NUNES NETO
atilanunes@emdefesadaumbanda.com.br
  Sr. Governador do Estado de Santa Catarina
 Entrevista do Sr. Marcos Caneta, professor e policial civil, responsável pelo Movimento Negro de Santa Catarina, a Radio Brasil Novo no dia 01-08-2010 às 11h11min25seg.

sábado, 7 de agosto de 2010

A Umbanda é de todos, nem todos são da Umbanda!

Um dia hão de chegar, altivos e de peito imponente, pessoas a dizer-lhe:
Sou umbandista, tenho fé em Oxalá, tenho mediunidade...com altivez e força tal que chegarão a impressionar.
Mas quando olhar bem o seu semblante, você o verá opaco, sem brilho e sem o calor de um verdadeiro entusiasta e batalhador em prol da mediunidade umbandista.
A Umbanda é uma corrente para todos, mas nem todos se dedicam a ela como deveriam.
O verdadeiro umbandista sente, vive, respira, se alimenta espiritualmente nela, não com fanatismo, mas sim com dedicação aflorada no fundo d'alma.
Ser umbandista é difícil por ser muito fácil; é só ser simples, honesto e verdadeiro.
Não batam no peito e digam ser umbandistas de verdade, mas procurem demonstrar com trabalho, luta dedicação e, principalmente emoção, de estar trabalhando nessa corrente.
Eu lhe garanto que a recompensa será só sua.

Falange protetora



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pindorama

O Popol Vuh, Livro Sagrado da Nação Maia da América Central, assim relata o momento da Criação do Mundo :-"0 aspecto da Terra ainda não havia sido revelado, havia apenas o Mar Doce e o espaço aberto do Céu. Assim falaram as Divindades: –"Retirai-vos Águas e dai lugar para que a Terra aflore e se consolide". "TERRA", disseram, e no mesmo instante esta foi criada".


Diz ainda o Popol Vuh : –"De barro, fizeram a carne dos Homens"–, significando, então que a Primeira Raça Humana era de cor vermelha acobreada, da cor do barro com que foi criada, símbolo da interação da Terra e da Água, vivificada pelo Fogo do Espírito insuflado pelo Ar do Hálito Divino.

E nesta imensa terra aflorada que a ciência atual denomina Pangéia – Continente Uno – o primeiro ponto seguro sobre a crosta terrestre foi, justamente, o que hoje denominamos de Planalto de Goiás, no Estado de Goiás, no Brasil Central.

Com o passar dos milênios, a primeira raça humana desceu deste planalto central original, multiplicando-se e ocupando as terras firmes do imenso continente único ainda existente, deixando como lembranças de sua passagem, em toda a Terra, imensas construções megalíticas ainda hoje inexplicadas e que, por terem sido elevadas ou rebaixadas pelo nascimento das cadeias montanhosas, hoje são atribuídas à raças muito posteriores que delas fizeram uso como refúgios seguros, observatórios celestes, templos a seus ancestrais, fortalezas ou que as reproduziram em suas novas construções.


E assim, vivendo em perfeita comunhão ecológica com o seu meio ambiente, alguns desses povos primevos conseguiram manter sua unidade biológica e sua tradição Iniciática, sobrevivendo aos imensos cataclismos naturais se processaram a partir do rompimento do Continente único, quando os diversos fragmentos continentais subseqüentes começaram a se afastar uns dos outros, tal como ainda hoje ocorre com magnitude infinitamente menor.

As tradições expressas nos livros sagrados de várias outras raças como o Papiro dos Mortos, os Vedas, a Epopéia de Gilgamesh, a Torah, os Eddas nos contam que a duras penas a Humanidade conseguiu sobreviver em vários desses novos continentes.

Também as lendas de nossos povos indígenas, os quais seriam modernamente conhecidos como Tupi-Guarani e que com mais certeza sobreviveram aos gigantescos cataclismos por terem ficado na parte mais antiga e estável do planeta, nos relatam sua luta pela sobrevivência em meio a tais cataclismos.

À época de sua "descoberta" pelos europeus, embora já distantes da primitiva pureza de suas tradições, os Tupi-Guarani ainda sabiam-se de uma origem tão antiga que denominavam a sua mítica terra de origem ancestral pelo nome de Pindorama, porque este nome referenciava-se à uma lenda tão antiga que envolvia a idéia de um Dilúvio Universal que havia alcançado a "Terra das Palmeiras", que é o que significa "Pindorama" .

Assim sendo, permanecendo na mítica Terra das Palmeiras de seus ancestrais e daí irradiando-se e vivendo por milênios em integração harmônica com a natureza, foram os povos Tupi-Guarani os que melhor retiveram a "centelha espiritual" da primeira raça humana.

Viajantes e estudiosos da época do descobrimento e colonização inicial do Brasil, como De Bry, Hans Staden e Padre Simão de Vasconcellos espantaram-se com a constatação da religiosidade dos antigos Tupi. Suas observações e estudos demonstram que a concepção religiosa, mística e teogônica destes povos era de uma grande elevação e estrutura moral que somente poderiam ser alcançadas por uma raça de antiquíssima maturação espiritual. Assim, muito antes das tradições religiosas Africanas Banto e Sudanêsa se encontrarem no Brasil, aqui já existia a tradição religiosa autóctone dos Povos Indígenas Tupi-Guarani, os primeiros habitantes desta terra que eles denominavam pelo nome ancestral "Pindorama".

Estes conhecimentos eram transmitidos pela tradição oral de seus Payés e chamava-se Tuyabaé-Cuaá, a "Sabedoria dos Doze Velhos Payés" a qual demonstra a sua ancestralidade com a saga do índio Tamandaré salvando-se, com sua família, de um Dilúvio no topo de uma gigantesca palmeira - a Pindó -, que flutuou sobre as águas que encobriam a "Terra das Palmeiras".

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Exu guardião


OS EXUS GUARDIÕES



Das entidades de umbanda Exu é que mais polêmica e discussão geram entre curiosos e até mesmo integrantes dos Cultos de Umbanda.


Para começar diremos que EXU NÃO É:


Uma entidade trevosa que realiza desejos escusos. Exu não tem nada a ver com as imagens comercializadas. Não é vingativo, violento e cruel. Não usa capa vermelha ou preta. Não tem "pé" de bode. Não é todo vermelho. Não tem rabo e nem chifres. Não come galinha ou carnes cruas. Nem bebem até deixar seus "cavalos" sem condições de andar.

Não negamos que existem entidades que se apresentam ou sejam até mais horrendas do que as imagens de mau gosto encontrado nas casas de artigos religioso, mas estas entidades com toda certeza não são Exus.



Exu, na realidade é guardião da Luz para as Sombras, e das Sombras para as Trevas, e é ele que COMBATE às entidades que possuem as formas mais horrendas e esquisitas. Estes seres ainda encravados no mal são os chamados KIUMBAS e são violentos, vingativos e cruéis.


Tais criaturas são atraídas de suas covas no SUBMUNDO ASTRAL pelas nossas próprias atitudes e sentimentos inferiores, sendo que os EXUS SÃO COMO GUERREIROS, que impedem o acesso destes seres às zonas mais superiores, e estes Kiumbas, quando podem, mistificam os Exus, ou mesmo Caboclos, Pais-Velhos, e Crianças.


E como reconhecer um Exu de fato e de direito? Simples:


O verdadeiro guardião não deixa seu médium torto, com expressão de ódio no rosto, não fica com os dedos em forma de garras, e não se arrasta no chão. Exu de Umbanda não fala palavrões de deixar cabelo em pé, não é "doidinho" por marafo (pinga) e sangue e não aceita entregas em encruzilhadas de rua ou cemitérios. Quem aceita estas coisas nestes locais, são os já citados Kiumbas, que são os que gostam de galo e galinha pretos na encruza.


Portanto CUIDADO irmão de fé, não ofereça sangue ou animais nas ruas, pois poderá levar estas entidades para suas casas, o que lhe trará os maiores dissabores e problemas.


Os preceitos para Exu são entregues nas encruzilhadas das matas e campina, e sempre com elemento sutis. Exu de Umbanda não pode ser comprado com bagatelas e Exu nenhum de verdade aceita realizar trabalhos para matar ou prejudicar alguém.



Como sabemos Exu é justo, ou seja, está ligado aos conceitos do "Quem deve paga, e quem merece recebe". Por isso não existe aquela história de fazer amizade com Exu, para conseguir isto ou aquilo. Com isso, não queremos dizer que Exu é uma entidade boazinha, mas pensem um pouco, que lógica tem baixar em um terreiro Caboclo, Pai-Velho, Criança para fazer a caridade, e no mesmo terreiro baixar Exu para praticar o mal.


Exu é de serventia de Caboclo, Pai-Velho e Criança, sim, mas única e exclusivamente para que seja cumprida a JUSTIÇA KÁRMICA, POIS EXU NÃO É BOM NEM MAL, É APENAS JUSTO.


Por isso devemos tomar cuidado com o que pedimos para Exu, pois quem não sabe o que pede, não sabe o que quer, e o que irá receber, e muito menos o que MERECE receber. Exu só trabalha com o consentimento de entidades superiores e única e exclusivamente dá alguma coisa a alguém se o merecimento deste alguém estiver de acordo com a Justiça Kármica.


Exu não costuma ficar "jogando conversa fora", ele vai direto ao assunto, orientando e conduzindo aquilo que tem que ser feito, pois não é só esta a função de Exu.


EXU É TAMBÉM O AGENTE DA MAGIA, é ele quem executa os processos mais sutis da MAGIA DA UMBANDA. Só por isso já podemos deduzir que, para executar a magia e a justiça kármica, não poderiam ser entidades irresponsáveis e muito menos entidades inferiores.


Exu também não pede que seus médiuns se vistam de "galãs" de ternos, ou de preto e vermelho, e não realiza sessões "fechadas", onde até o sexo é praticado em nome de Exu, como sabemos que acontece em muitos terreiros ditos de "Umbanda".


Outra distorção que existe é a respeito do Exu Sra Pomba-Gira. Este é um Exu feminino e muitos a colocam com se fosse prostituta, uma mulher da vida. A Sra. POMBA GIRA É UMA EXU GUARDIÃO DOS MAIS SÉRIOS em de promover a bagunça à orgia, como muitos desejam, ela combate todas as perturbações relacionadas com o lado sexual, combatendo os Magos Negros e seus Kiumbas.



Assim como na Umbanda existem sete Orixás Menores Chefes de legião, na Kimbanda (que muitos confundem com Magia Negra e praticas da Kiumbanda) existem sete Exus Guardiões da Luz para as sombras que são:

Paralela ativa = UMBANDA     Paralela passiva: KIMBANDA

ORIXÁS        EXUS GUARDIÕES

ORIXALÁ     EXU Sr. 7 ENCRUZILHADAS
OGUM         EXU Sr. TRANCA-RUAS
OXOSSI       EXU Sr. MARABÔ
XANGO        EXU Sr. GIRA-MUNDO
YORIMÁ       EXU Sr. PINGA-FOGO
YORY          EXU Sr. TIRIRI
YEMANJÁ     EXU Sra. POMBA -GIRA

Exu Sr. Sete Encruzilhadas
Minerais   Quartzo branco
Metais      Ouro
Bebidas    Sidra seca e marafo  
Ervas       Guiné

Exu Sr. Tranca Ruas
Minerais  Pedra ferro 
Metais   Ferro
Bebidas  Vinho branco seco e marafo
Ervas   Espada

Exu Sr. Marabô
Minerais  Pedra da mata redonda ou quartzo azul
Metais   Cobre
Bebidas   Vinho branco suave e marafo
Ervas   Mamona

Exu Sr. Gira- Mundo
Minerais   Pedra da cachoeira triangular ou quartzo verde
Metais   Estanho
Bebidas   Vinho frisante e marafo
Ervas   Mangueira

Exu Sr. Pinga Fogo
Minerais   Ônix preto ou hematita
Metais   Chumbo
Bebidas   Vinho tinto seco e marafo
Ervas   Bananeira

Exu Sr. Tiriri
Minerais   Mercúrio
Metais   Rodonita
Bebidas   Licores doces e marafo
Ervas   Pitanga

Exu Sra. Pomba Gira
Minerais   Conchas e caracóis 
Metais   Prata  
Bebidas   Sidra doce e marafo
Ervas   Brinco de princesa

 

domingo, 1 de agosto de 2010

Faculdade de Teologia Umbandista

Todos desejamos a Paz no Mundo, a resolução dos conflitos que nos causam tensões, sejam elas as guerras entre os povos ou a batalha cotidiana que cada um de nós enfrenta para conquistar, em primeiro plano, a sobrevivência e, quando muito afortunados, uma boa qualidade de vida.

Apesar da vontade global de conquista de uma estrutura social diferente, a impressão que temos é a de que tendemos à manutenção das desigualdades ou até ao agravamento das mesmas.
Duas causas podem ser apontadas para a persistência da fome, da doença, da guerra e da morte devastando nossa família planetária:

1) A insistência em manter uma sociedade baseada em competição e em valores político - econômicos que sobrepujam os valores humanos (individuais ou sociais). Assim, as soluções de progresso e globalização são sempre reféns da necessidade do lucro e, invariavelmente, ineficazes para a maioria da população na periferia, à margem dos processos de decisão e cultura.
2) Os setores empenhados na busca da Paz, sejam ligados à filosofia, à ciência, à religião ou à arte pensam e atuam de maneira isolada, tomando caminhos divergentes, aumentando as tensões sociais.

Neste contexto funda-se a Faculdade de Teologia Umbandista como alternativa para a mudança do estado atual. Esta iniciativa pretende representar uma mudança de paradigmas, provocando um abalo positivo e pacífico nesta estrutura estática com uma transformação qualitativa dos valores contemporâneos. Explicaremos agora como a Faculdade de Teologia Umbandista se credencia para colaborar com a realização de uma sociedade mais justa.
A Umbanda é habitualmente tida como cultura de periferia, até mesmo marginalizada e estigmatizada como idolatria pagã. Na verdade, a Umbanda oscila entre periferia e centro, focalizando suas ações onde é mais necessária.
A Umbanda procede dessa forma porque entende que não há, em essência, qualquer diferença entre os que se encontram na base da pirâmide social e os que se posicionam, por força político – econômica, no topo.
Além disso, a Umbanda prima pela universalidade de seus princípios e fundamentos filosóficos e doutrinários, podendo, de maneira singular, receber a todos os irmãos planetários oriundos de quaisquer setores filorreligiosos ou estados sócio – econômicos, culturais ou étnicos.
A fundação da Faculdade de Teologia Umbandista representa um avanço para a Umbanda porque, no momento em que se dirige da periferia ao centro, arrasta consigo tudo o que existe na periferia, não apenas umbandistas mas a sociedade como um todo.
Outra questão fundamental é que a Faculdade de Teologia Umbandista preconiza a unidade e a universalidade de todas as coisas, promovendo a convergência que se consubstancia na Paz Mundial. Na prática, significa respeitar todos os setores filorreligiosos como corretos em seus pontos de vista, gerando uma convivência pacífica entre todas as religiões. A seguir, propõe a convergência mostrando que o Sagrado está além dos pontos de vista e que podemos todos, gradualmente, transitar das formas particulares de entendimento para habitar na essência de todas as religiões que é o Sagrado, a Realidade – Una.
Convidamos a todos os irmãos planetários a conhecerem a sede da Faculdade de Teologia Umbandista, suas propostas e programa curricular.
Pedimos também a permissão para iniciarmos nosso relacionamento com uma pergunta, fundamental para a Paz no Mundo:
- Qual a posição que o Sagrado ocupa na sua vida: central ou periférica ?






sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ser umbandista é diferente de estar umbandista

As 7 lágrimas de Pai-Preto

Introdução




Nestas páginas, estão cravadas as impressões vividas e sentidas por mim, diretamente, de um humilde e leal amigo do astral - o Pai G....., a quem rendo minha eterna gratidão, como seu veículo mediúnico desde a Infância...

Desse "Preto-Velho", colhi esse lamento e essa lição, sobre a natureza das humanas criaturas que "giram" nos terreiros ou Tendas de Umbanda.

Isto foi há muitos anos... quando a experiência ainda não tinha encanecido minha alma nesse mister...

Naturalmente, ele, ao proporcionar-me esse "passeio-astral" e ao falar assim numa demonstração direta, quis que eu visse a coisa como ela era e é... pois eu tinha ilusões e bastante ingenuidade ainda...

Assim, quero dedicar essas suas sete lágrimas, a meus Irmãos de Umbanda, aparelhos, sinceros, para que, meditando nelas e vibrando na doce paz desses "pretos-velhos", possam haurir forças e compreensão e sobretudo a indispensável experiência, para que sejam, realmente, baluartes das verdades que eles tanto ensinam... quando têm oportunidade...

W.W. da Matta e Silva

AS SETE LÁGRIMAS... DE PAI-PRETO


Foi uma noite estranha aquela noite queda; estranhas vibrações afins penetravam meu Ser Mental e o faziam ansiado por algo, que pouco a pouco se fazia definir...

Era um quê desconhecido, mas sentia-o, como se estivesse em comunhão com minha alma e externava a sensação de um silencioso pranto...

Quem do mundo Astral emocionava assim um pobre "eu"? Não o soube, até adormecer.., e "sonhar"...

Vi meu "duplo" transportar-se, atraído por cânticos que falavam de Aruanda, Estrela Guia e Zamby; eram as vozes da SENHORA DA LUZ-VELADA, dessa UMBANDA DE TODOS NOS que chamavam seus filhos de fé...

E fui visitando Cabanas e Tendas, onde multidões desfilavam... Mas, surpreso ficava, com aquela "visão" que em cada urna eu "via", invariavelmente, num canto, pitando, um triste Pai-preto, chorava.

De seus "olhos" molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei porque, contei-as... foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e Interroguei-o: fala Pai-preto, diz a teu filho, por que externas assim uma tão visível dor?

E Ele, suave, respondeu: estás vendo essa multidão que entra e sai? As lágrimas contadas, distribuídas estão dentro dela...

A primeira eu a dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, na curiosidade de ver, bisbilhotar, para saírem ironizando daquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber.

Outra, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um "milagre" que os façam "alcançar" aquilo que seus próprios merecimentos negam.

E mais outra foi para esses que crêem, porém, numa crença cega, escrava de seus interesses estreitos. São os que vivem eternamente tratando de "casos" nascentes uns após outro...

E outras mais que distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejam sempre prejudicar a um seu semelhante - eles pensam que nós, os Guias, somos veículos de suas mazelas, paixões, e temos obrigação de fazer o que pedem... pobres almas, que das brumas ainda não saíram.

Assim vai lembrando bem, a quinta lágrima foi diretamente aos frios e calculistas - não crêem, nem descrêem; sabem que existe uma força e procuram se beneficiar dela de qualquer tona. Cuida-se deles, não conhecem a palavra gratidão, negarão amanhã até que conheceram urna casa da Umbanda... Chegam suaves, têm o riso e o elogio à flor dos lábios, são fáceis, muito fáceis; mas se olhares bem seus semblantes, verás escrito em letras claras: creio na tua Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zamby, mas somente se vencerem o "meu caso", ou me curarem "disso ou daquilo’...

A sexta lágrima eu a dei aos fúteis que andam de Tenda em Tenda ido acreditam em nada, buscam apenas aconchegos e conchavos; seus olhos revelam um interesse diferente, sei bem o que eles buscam.

E a sétima, filho, notaste como foi grande e como deslizou pesada? Foi a ÚLTIMA LÁGRIMA, aquela que "vive’ nos "olhos" de todos os Orixás; fiz doação dessa, aos vaidosos, cheios de empáfia, para que lavem suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são... Cego., guias de cegos", andam se exibindo com a Banda, tal e qual mariposas em torno da luz; essa mesma LUZ que eles não conseguem VER, porque só visam a exteriorização de seus próprios ‘egos".

"Olhai-os" bem, vede como suas fisionomias são turvas e desconfiadas; observai-os quando falam "doutrinando"; suas vozes são ocas, dizem tudo de "cor e salteado", numa linguagem sem calor, cantando loas aos nossos Guias e Protetores, em conselhos e conceitos de caridade, essa mesma caridade que não fazem, aferrados ao conforto da matéria e à gula do vil metal. Eles não têm convicção.

Assim, filho meu, foi para esses todos que viste cair, uma a uma, AS SETE LÁGRIMAS DE PAI-PRETO! Então, com minha alma em pranto, tornei a perguntar: não tens mais nada a dizer, Pai-Preto? E, daquela "forma velha", vi um véu caindo e num clarão intenso que ofuscava tanto, ouvi mais uma vez...

Mando a luz da minha transfiguração para aqueles que esquecidos pensam que estão... ELES FORMAM A MAIOR DESSAS MULTIDÕES"...

São os humildes, os simples; estão na Umbanda pela Umbanda, na confiança pela razão... SÃO OS SEUS FILHOS DE FÉ.

São também os "aparelhos’, trabalhadores, silenciosos, cujas ferramentas se chamam DOM e FÉ, e cujos "salários" de cada noite... são pagos quase sempre com urna só moeda, que traduz o seu valor numa única palavra - a INGRATIDÃO...

MESTRE YAPACANI

Qual é a sua Umbanda? Qual é a minha Umbanda? Qual é a melhor Umbanda?

Somos desde tenra idade muitas vezes levados a pensar, que obrigatoriamente devemos fazer distinções.
Isso se dá com a preferência de pai ao invés da mãe, dos avós maternos no lugar dos paternos, não necessariamente nessa ordem, de uma parte da família em detrimento de outra, de alguns amigos em vez de outros, enfim. Crescemos incentivados pela idéia de que sempre é necessária a separatividade.
Isso tem se mostrado falho nas relações humanas, tanto em nível pessoal, afetivo, familiar, profissional, social e religioso, aliás esse último motivo de várias “guerras santas”, em nome de um único Deus que somente é diferente pelo nome o qual é chamado.
Estranhamente o que quebra esse paradigma, muitas vezes são interesses escusos no campo da política, trabalho, partilhas familiares, relações internacionais e por ai vai...
A sublimidade do bem estar da coletividade, o benefício da maioria que deveria ser a força motriz, por vezes se torna ínfimo, pouco visto e vagamente lembrado.
Entretanto, está na hora de mudar esse padrão...
Quem já ouviu da boca de alguma entidade, reconhecidamente incorporada, dizer-se melhor ou superior a outra?
Cigano, baiano, boiadeiro, marinheiro, exu, pai velho, caboclo ou criança..não importa, são todos militantes do movimento umbandista da atualidade, independente do grau de comandantes ou executores estão preocupados no esclarecimento de seus filhos.
São eles os maiores exemplos e que a cada gira, muitas vezes no anonimato dão seu testemunho de humildade, lealdade e comprometimento com o todo.
O respeito pela diversidade e o entendimento de que somos diferentes apenas na maneira de buscar o sagrado, é a chave para dissolução dos muros e barreiras existentes entre todos os conceitos mentais criados pela nossa sociedade, como por exemplo padrões de pensamento, ação, conduta, dentre outras formas comportamentais.
Os véus da Umbanda cairão a partir do momento que transcendermos essa separatividade em todos seus níveis.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

De cima para baixo



A Umbanda é uma religião vertical, ou seja vem de cima para baixo, d'Arunda para os homens.
Dentro de seu bojo militam espiritos da mais alta estirpe, até instrutores encarregados de recolocarem a humanidade no caminho correto da evolução.
Ela ja ultrapassou de há muito as fronteiras brasileiras, podendo ser facilmente adaptada e assimilada em qualquer latitude geográfica, Umbanda é universal.
Interessante notar, que independente da forma ritual com que se apresente cada gira, elas parecem ter uma caracteristica em comum, a de que todas contêm alguma verdade oculta e, consequentemente não é percebido pelos sentidos comuns.
A compreensão destas singularidades, dependenderá do grau consciencial de cada filho de fé e entendidas de maneiras distintas.
A generalização de que um rito espelha o todo do movimento é um equívoco e não acrescentarão nada, senão visões distorcidas se forem tomados de forma literal.
Nossos mentores tem firmemente a intenção definida de acelerar a evolução daqueles que assim o desejam, mas para isso é necessário estarmos dispostos a ver os ensinamentos de forma vertical e não horizontal.
Somente na medida que formos capaz e que, estivermos dispostos a viver os ensinamentos da giras pequenas na gira grande, é que poderemos entendê-los profundamente.
Se não existir prática as ilações permanecerão ocultas, porém, qualquer esforço para vivenciarmos esses aconselhamentos nos trarão luz e entendimento.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Evoluir sim, mas sem queimar etapas e com muita responsabildade.


A ciência é unânime em afirmar que o universo está em constante evolução.
O homem como um mini universo, também não poderia deixar de seguir esse exemplo, tudo evolui, tudo se transforma!
Nesse sentido as religiões devem igualmente andarem, pois sabemos que se não acompanharem a mudança dos tempos, estarão fadadas a serem atropeladas pela onda da evolução.
Assim também acontece com a Umbanda, que antes era tida como religião de supersticiosos e ignorantes.
Nos dias de hoje, esse é um conceito torpe.
O que não podemos é cair no lugar-comum, de antropomorfizar o sagrado.
É importante evoluir sem dúvida alguma, mas com a responsabilidade de saber o que está se fazendo e mais, principalmente com aquilo que se apregoa publicamente, assumindo uma voz por milhões de seguidores de uma crença tão diversificada como a nossa, sem procuração para tal.
Certamente muitos estarão a favor dessa "nova fase" umbandista, mas será que todos concordam? Eis a questão!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Certificado


Este certificado foi uma grata surpresa para mim tê-lo recebido!
Fiquei muito lisongeado em ser a primeira pessoa agraciada e a receber tal distinção do Terreiro Luz no caminho.
Contudo, se tem alguém que deve se sentir-se agradecido esse alguém sou eu.
Nesses anos em que tive o privilégio de vivenciar e conviver com meu pai, manos de corrente e toda assistência, muito aprendi.
Ali foi um divisor de águas em minha senda e percebi que, por menor que seja nosso trabalho e mesmo que achemos nossa participação demasiadamente pequena, ela sempre irá repercutir no resultado final do grupo.
Obrigado a todos pela honrosa distinção!!!

domingo, 25 de julho de 2010

Umbanda é trabalho, trabalho e mais trabalho sempre

Longe vai-se o tempo onde se pensava que o terreiro era um balcão de negócio...
Longe vai-se o tempo onde se pensava que cada terreiro era uma célula autotrófica e auto-suficiente.
Longe também, vai-se o tempo onde se pensava que somente a comunidade tinha que ir ao terreiro, hoje essa é uma visão que ficou no passado.
O terreiro deve interagir com sua comunidade-terreiro em uma via de mão dupla, ou melhor... de forma circular.
Estamos fazendo nossa parte!!!



Terreiro de Umbanda Luz no Caminho




Uma luz no caminho de todos nós...
Resumidamente é assim que posso sintetizar o significado de nosso Terreiro.
Muitos ali vieram e partiram, outros chegaram resolveram seus "problemas" ou "não" e se foram, alguns ainda vão e vem conforme o vento lhes leva para lá e para cá, alguns se afinizaram com a vibratória e permanecem. É assim mesmo...e acredito que isso seja comum às choupanas, tendas, terreiros e templos de Umbanda.
Assim a Umbanda cumpre parte de sua missão, muitas vezes tendo como pagamento a ingratidão de descontentes por não terem resolvido "seus casos", de outros por não terem ouvido aquilo que gostariam de ter ouvido e de tantos que ainda não comprendem as orientações passadas pelas entidades. Eles acham que elas deveriam ser mais "específicas", mais diretas, mais palpáveis em seus aconselhamentos, ou seja, querem que a entidade pense, sinta e aja por eles...ledo engano...as entidades não resolvem nossos problemas, afinal não são deles..são nossos e portanto cabe a nós resolvermos.
As consultas são o norte a seguir, o caminho apontado pelos mais sábios e que ja percorreram esse mesmo caminho.
Por outro lado, ficamos muito felizes e extremamente realizados, cientes do dever cumprido quando alguém nos chama e diz.."estou muito contente, porque encontrei aqui algo que até agora não tinha encontrado" isso é gratificante, compensador e de valor incalculável!!!
Terreiro Luz no caminho, comprometido com o cultivo da simplicidade, pureza de intenções e a humildade assim como tantos outros nessa terra abençoada pelo cruzeiro divino.

domingo, 4 de abril de 2010



O novo e a certeza da continuidade!

O saber, a experiência, a vivência

Simbolo

Simbolo de nosso Terreiro Luz no caminho.
Onde temos o círculo, o triangulo e a cruz que originam o nome das 7 vibrações.
De forma proposital a inscrição foi na cor azul, muito conhecido nas escolas da Aruanda e que possui ligação direta com a Umbanda.
A cor do círculo é laranja, pois a entidade responsável pelos trabalhos é um Caboclo de Ogum, Sr. Araguary.
No vértice superior do triangulo a letra "O" do Sr.Oxalá em dourado, na base o "Y' de Yemanjá na cor amarela.
As cores escolhidas para o triangulo, igualmente possuem elos de ligação com as entidades em suas 3 formas de apresentação, ou seja, Crianças, Caboclos e Pais Velhos.
Na parte interna temos em cima (norte) "Y" de Yorimá em lilás, em baixo(sul) "X" de Xangô em verde, no lado esquerdo(oeste) "O" de Ogum em laranja, no lado direito(leste) "O" de Oxossi em azul e finalmente, no centro "Y" de Yori em vermelho.
Com o tempo novos véus cairão!!!