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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Falando um pouco de Umbanda

Luz no caminho e meu saravá fraterno a todos!
É novamente uma alegria renovada cada vez que podemos falar um pouco dessa Umbanda de todos nós...
Interessante notar, que sempre que chegamos a uma casa de trabalhos umbandista, seja ela choupana, cabana, terreiro, templo...independente da denominação que cada um dá ao ambiente que lhe é mais familiar, logo somos absorvidos pela aura e da mesma forma absorvemos essa aura.
Inicia-se um processo que nos prende a atenção, de troca, de permuta, de renovação de forças também chamado de axé!

Mesmo no murmurinho da espera, sempre vamos imaginando o que vai acontecer durante a gira, numa preocupação coletiva e já num segundo momento, não necessáriamente nessa ordem, com aquilo propriamente que a entidade irá nos falar durante nossa consulta, sobre esse ou aquele assunto, que estamos esperando para tratar já não se sabe a quanto tempo.

Com isso, vamos pouco a pouco, nos ligando com o sagrado que o terreiro nos representa.

Quando adentramos então e, muito principalmente, se for a primeira vez que ali estamos, um misto de curiosidade e as vezes até de preocupação nos ocorre. Será que o guia vai me confirmar aquilo que penso? Será que não?  Será que vai me dizer para fazer? Será que não? Será que vou gostar? Será que não?
Essas são as  perguntas que não querem calar!!!

Da mesma forma que estão desde a formação do universo, luz, som e movimento também se fazem presentes por esses terreiros ai afora.
A luz no congá representadas pelas velas , em lâmpadas coloridas ali dispostas...
O som presente nos pontos cantados, nos mantras do Caboclo, da Criança, nas rezas do Pai velho, na evocação do Exu, no tambor que é tocado.
O movimento está simbolizado na dança ritualistica das mais variadas formas, lembro de um ponto cantado em nosso terreiro, que podemos usar como exemplo, onde nas giras de Exu se canta.." - Olha o toco no caminho, levanta o pé..olha o toco no caminho..".
Igualmente o movimento se faz presente na manipulação das energias, pelas entidades através de um ponto riscado, de um "descarrego"...
Mas além disso, há o colorido das pembas, da toalha, da roupa ritualistica, há o cheiro da defumação, do incenso, das essências..isso compoe uma parte do terreiro, uma pequena parte do todo. Esse todo que somente o tempo há de nos mostrar.

Num rápido resumo, uma gira é composta por 3 partes fundamentais e que pouco se diferem de terreiro para terreiro:
1º A espiritualidade manifesta através das entidades, caboclos, crianças, pais velhos, boiadeiros, marinheiros, baianos, ciganos, exus...
2º A corrente mediúnica formada a partir do pai ou mãe espiritual e de seus filhos de corrente.
3º A assistência ou consulentes.

Sim irmãos, a assistência de uma casa de trabalhos espirituais é o principal motivo da existência dos dois componentes iniciais, ou seja, é aquilo que faz se tornar vivo o próprio terreiro.
A espiritualidade para isso fez, faz e fará médiuns que, ao contrário do que muitos imaginam não é nenhum privilégio. É sim uma grande responsabilidade que pesa sobre nossos ombros em qualquer lugar onde se manifeste a Umbanda.

Com essa missão por nós exercida, independente de incorporar ou não, porque ser médium não significa que obrigatóriamente tenha que incorporar, existem várias modalidades de mediunidade no movimento umbandista, temos a possibilidade impar de reparar débitos para com a própria lei da vida, dívidas essas, que estão perdidas nas noites do tempo, embora na contabilidade divina elas ainda sejam tão recentes.

Na abençoada oportunidade de servirmos de intermediários, doando energia, doando tempo, paradoxalmente fazendo a caridade é que somos caridosamente recompensados com o bom ânimo do dever cumprido.

Somos médiuns sim, mas também somos humanos..somos homens e mulheres e também irmãos de toda coletividade umbandista e, em nome de todos aqueles que se irmaneiam neste pensar, é que agradeço a Pai Oxalá e a toda assistência que procura nossa Umbanda, por nos proporcionarem essa troca, essa renovação, esse axé que a todos nos vem d'Aruanda!
Vida longa a todos!

sábado, 18 de setembro de 2010

Não interessa a distância entre o desejável e o possível, ambos estão ligados pelo viável


"Liberdade religiosa e a construção de um mundo possível: diálogo religioso e a promoção da paz". Esse foi o tema do I Seminário Estadual, promovido pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), realizado em 10 de setembro, no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ), que reuniu líderes e representantes religiosos, autoridades policiais, professores universitários e estudantes. O encontro, patrocinado pela Secretaria de Políticas de Promoção Social da Igualdade Racial, foi composto por três mesas de debates, uma plenária de mobilização para a III Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que acontecerá no dia 19 de setembro, na Praia de Copacabana, encerrando com o coquetel de confraternização.

O seminário foi aberto pelo interlocutor da CCIR, babalawo Ivanir dos Santos, que destacou a importância daquele evento para a reflexão sobre a intolerância religiosa que impera nos mais variados segmentos sociais, buscando ainda meios de solucionar a questão. Ivanir afirmou que um dos setores mais atingidos por este tipo de violência é a educação, interferindo diretamente na relação entre professores e alunos.

A mesa redonda que discutiu o tema "Liberdade Religiosa e Promoção da Paz" foi composta pelos líderes religiosos, entre eles a presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil (CEUB), sacerdotisa e dirigente espiritual do Templo Umbandista Vovó Maria Conga, Fátima Damas, o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Edson de Castro Homem, o pastor efetivo da Igreja Presbiteriana de Jacarepaguá, Reverendo Marcos Amaral, e o presidente da Sociedade Beneficente de Desenvolvimento Islâmico, representante muçulmano Salah Al-Din Ahmad Mohamad, além do Babalawo Ivanir dos Santos. Para Fátima Damas, o simples fato da entrada da comunidade umbandista em uma universidade federal para debater sobre a intolerância religiosa já representa um passo de gigante em direção ao fim deste preconceito. "Eu nunca imaginei que nós, umbandistas, entrássemos em determinados ambientes, como universidades, igrejas, mesquitas, templos presbiterianos", disse.

Fátima falou ainda sobre a missão espiritual da Umbanda e sobre os avanços alcançados através da CCIR.
Em sua fala, Salah Al-Din Ahmad Mohamad esclareceu alguns preceitos do Islamismo e seus mitos, destacando os maiores preconceitos e estigmas que os mulçumanos sofrem no mundo. Mohamad acredita que, no Brasil, o governo pode desenvolver programas informativos sobre as religiões, como medida para combater a intolerância religiosa, assim como rever o Estatuto de Igualdade Racial.

O Rev. Marcos Amaral considerou as iniciativas da CCIR, incluindo o seminário, plenárias e a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, como movimentos em favor da liberdade de expressão, respeito à vida e ao ser humano. Ele desenvolveu no seu discurso uma linha de reflexão sobre os comportamentos arbitrários da própria comunidade evangélica, que, segundo o reverendo, está muito preocupada com os valores de poder, enquanto poderia dar mais atenção às verdadeiras práticas religiosas. Para o reverendo, o preconceito vem das sólidas construções sociais e uma das formas de se vencer os valores religiosos negativos é dando muitos passos, assim como a CCIR está fazendo.

Dom Edson Castro Homem falou sobre a purificação das religiões, os aspectos históricos e entrou no campo da crítica sociológica. O líder católico definiu a Caminhada como uma ação de promoção da vida e disse que a intolerância religiosa finda com o diálogo franco e reflexivo. "É um escândalo a divisão das igrejas", enfatizou Dom Edson em seu discurso sobre ecumenismo.

A segunda mesa do dia abordou o tema "Panorama da Intolerância no Contemporâneo e a Atuação da CCIR", com as participações do delegado Henrique Pessoa, da Ucam e do professor Paulo Gabriel Hilu, da InEAC da Universidade Federal Fluminense.

Apresentando um panorama alarmante, o delegado Henrique Pessoa citou casos emblemáticos de crimes religiosos, registrados nas delegacias em que ele trabalhou. Pessoa atribuiu o aumento de denúncias e registros de violência contra religiosos nas delegacias ao artigo 20 da Lei Caó, que entrou em vigor em 1989. Segundo ele, na maioria dos casos, as vítimas são praticantes de religiões de matrizes africanas e os autores são evangélicos neopentecostais. Como medida preventiva, Pessoa criou na Policía Civil o Núcleo de Combate à Intolerância Religiosa, e ele mesmo ministrou aulas sobre este tema nas novas turmas para detetives. "Os resultados vieram devagar, mas de forma satisfatória e com efeito multiplicador, pois os policiais levavam o aprendizado para suas unidades policiais", contou o delegado.

Na terceira mesa redonda, os professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Renato Nogueira e Renata Rosental deram uma verdadeira aula sobre História das Religiões, com seus aspectos mitológicos, sociais e linguísticos, delineando o fenômeno da intolerância religiosa em todo mundo.

Na Plenária de Mobilização para a III Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, Ivanir dos Santos afirmou que os principais objetivos deste movimento iniciado pelos religiosos mais discriminados, os de matrizes africanas, são: a unificação das religiões, a promoção do diálogo e identificação das semelhanças entre as religiões, pois estes são os fortes elementos em favor da paz. O babalawo comentou a atuação da CCIR e convocou a todos para a caminhada deste ano, que pretende reunir cerca de 150 mil pessoas na Orla de Copacabana. Nos dois anos anteriores, a caminhada contabilizou a participação de mais de 100 mil religiosos de todos os estados nacionais, no Rio de Janeiro, e a integração de diversas manifestações religiosas. Estiveram presentes no seminário representantes de umbandistas, candomblecistas, católicos, judeus, mulçumanos, kardecistas, wiccanos e hinduístas.


Fonte: http://www.eutenhofe.org.br/

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pesquisa mostra que intolerância religiosa ainda está presente em escolas brasileiras


Heliana Frazão
Especial para UOL Educação
Em Salvador

Profissionais “despreparados” para lidar com religiões diferentes. Invasão de terreiros. Ofensas. Crianças isoladas por colegas e professores. Esses são alguns dos problemas encontrados por uma pesquisadora que visitou escolas de vários Estados do país e constatou que a intolerância religiosa em estabelecimentos de ensino é um problema grave e ainda invisível para as autoridades e a sociedade.

A pesquisadora Denise Carreira revela ter percebido certo “despreparo” dos profissionais de educação para lidar com o problema. Ela identificou que a principal fonte de discriminação são as religiões neopentecostais, que, segundo Denise, historicamente usam métodos de “demonização” para com algumas seitas.

Denise afirma ter observado em suas viagens casos de crianças, famílias e professores adeptos de religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda, discriminados e hostilizados no seu cotidiano. Algumas crianças chegam a ser transferidas ou até mesmo abandonam a escola em razão da discriminação.

“Existem ocorrências de violência física (socos e até apedrejamento) contra estudantes; demissão ou afastamento de profissionais de educação adeptos de religiões de matriz africana ou que abordaram conteúdos dessas religiões em classe; proibição de uso de livros e do ensino da capoeira em espaço escolar; desigualdade no acesso a dependências escolares por parte de lideranças religiosas; omissão diante da discriminação ou abuso de atribuições por parte de professores e diretores etc”, diz.

“São muitos casos e isso é, também, uma violência para com os direitos humanos, embora constitua uma agenda invisível na política educacional no Brasil”, afirma. As denúncias, sustenta Denise, mostram que as atitudes discriminatórias vêm aumentando em decorrência do crescimento de determinados grupos neopentecostais, principalmente nas periferias das cidades, e do poder que eles têm midiático.

O relatório, que será divulgado no dia 19, no Rio de Janeiro, e encaminhado a organismos internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), traz recomendações para a resolução do problema. Uma das ferramentas para fazer frente ao problema, de acordo com relatora, é a implementação da lei federal 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira em toda a educação básica.

Experiência própria

Jandira Santana Mawusi, estudante do curso de pedagogia na Uneb (Universidade Estadual da Bahia), e coordenadora de um curso pré-vestibular em uma escola municipal no bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, conhece esse tipo de discriminação por experiência própria. “Desde que falei que sou de candomblé, os meus colegas de sala de aula mudaram comigo. Tenho dificuldade para me integrar aos grupos de estudo, e eles me olham como se fosse uma pessoa diferente, capaz de lhes fazer algum mal”, afirma.

Segundo ela, na escola onde leciona, diariamente, o diretor convida a todos para rezar o “Pai Nosso” antes das aulas. “Certo dia, ele me convidou a me juntar aos demais na oração. Então, perguntei se eu também poderia rezar para xangô. Ele respondeu que não porque não daria tempo”, conta.

Jandira diz que a mãe de duas crianças que estudaram nessa mesma escola recorreu ao Ministério Público porque suas filhas foram apontadas como “possuídas” por um professor, por serem de candomblé.

Não raro, diz ela, pessoas iniciadas temem revelar suas crenças. “Há pouco tempo, fazendo uma pesquisa no bairro, perguntei a uma senhora, dona de um terreiro, qual era a sua religião. Fiquei um tempo sem resposta. Indaguei a razão do seu silêncio e ela me disse que se devia à intolerância predominante.”

Atuando há mais de 10 anos na formação de profissionais para evitar intolerâncias racial e sexual e outras, membros do Ceafro (Educação e Profissionalização para a Igualdade Racial e de Gênero) mostraram-se chocados com a seriedade dos depoimentos colhidos por Denise.

"Não é novidade"

“Para nós, esse tema não é novidade. Mas, devo reconhecer, foi impactante ouvir os relatos de professores e mães de alunos que tiveram problemas. Doeu ouvir de alunos, por exemplo, que fizeram ‘santo’, e, tendo que usar roupas brancas, andaram com a cabeça raspada, foram taxados de ‘filho de diabo’, entre outras aberrações a que foram submetidos, ao ponto de não quererem mais voltar para a escola ou quererem abandonar o candomblé”, conta Ceres Santos, coordenadora executiva do Ceafro. “É muito grave”, diz.

Denise Carreira esteve na Bahia entre os dias 9 e11 de agosto. Ouviu o Ministério Público Estadual, as secretarias de Educação e Reparação, representantes dos terreiros de candomblé e outras lideranças religiosas. Segundo ela, as visitas ocorreram em Estados como Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

O relatório será apresentado também ao Congresso Nacional, ao Conselho Nacional de Educação, Ministério Público Federal, autoridades educacionais, e instâncias internacionais de direitos humanos.

Postado por Umbanda Paraná - FUEP

Fonte:http://fuep.blogspot.com/2010/09/pesquisa-mostra-que-intolerancia.html